19.4.16

Eu sou essa mulher
Que transborda enquanto cozinha
E que lava o arroz
Numa fonte de lágrimas incompreendidas

E que tempera,
Sabendo que o gosto de lágrima
É o ponto de sal adequado
Que trará riso à boca de quem desgustará

Não se trata de sacrifício.

Sentir os versos num ofício
É sim recompensador

Cozinho as letras saudosas
Transmuto em gostosas prosas
A partir de uma tigela de arroz.


Rebeca dos Anjos

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