Sobre sentir na manhã urbana
O sol de outono queimando a pele
E entender que um raio também pode ser ar
Agradecer o cheiro de grama cortada
Que cria na cidade um grande quintal imaginário
Observo: ainda não há folhas secas no outono do Rio
Há flores ainda,
Um magenta desgastado,
Mas flor.
Passo como a moça de Monet passeia
Naqueles campos primaveris
E me assusto porque o cenário carioca
Me leva a essa tela com seus traços feito sonho
(Entro no metrô e suspendo a poesia)
As pessoas reclamam,
Mas dentre elas reconheço a senhora do livro que me traz as palavras
Tento olhar nos olhos dela,
Ela percebe, tira os óculos escuros,
Nos deixamos ver -
A poesia não cessa
Nem na cidade do caos,
A poesia resiste,
Se abaixo do Bem,
Acima do Mal.
(Rebeca dos Anjos)
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