26.8.25

O peso de um baú com memórias preenche o estômago. Baú de madeira velha, algumas farpas, mas que já se confunde com as funções do corpo: será vital?

O baú se abre num movimento da vida: já não cabe. Cabia fechado, mas aberto não cabe.

O corpo reage num movimento de expurgo. O baú tem que sair inteiro, já não basta uma peça ou outra, uma memória ou outra, já incomoda tanto que tanto faz se aberto ou fechado.

Como arranca sem doer?  

O corpo inteiro se empenha em desintegrar o baú. O processo é ácido. O estômago dói. O corpo se encolhe apegado à peça que se esvai. Que se esvai. Que se esvai. Que se esvazia.

A dor para. O que existe agora é um espaço, um vazio que não dói. Um estranhamento.

E agora? Pra onde vou mais leve?

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