2.9.13

"Todas as cartas de amor são
Ridículas."
(Álvaro de Campos)

Eu mordendo os lábios, os braços cruzados. Você chega, com sua voz mansa, seu olhar tranquilo, os braços abertos. Me entrego. Toda a minha tensão se dissolve. Sorrio largo como se eu não fosse tensa. Toda a paz sonhada encontrada nos braços do imprevisível. Todos os planos do mundo, todos os sonhos no espaço ilimitado do mundo. Eu que já tinha esquecido o som e gosto de suspiro que a palavra sonho tem, eu que já tinha esquecido o som do coração que palpita com a possibilidade do encontro, agora leio a palavra encontro, um texto, uma letra, ouço um tango e tudo faz sentido. Tudo me encontra sem esforço. Não acho mais bobo o casal bobo da esquina. Olho pra mim e me vejo deliciosamente ridícula: escrevo sem a reserva da idade adulta e exponho inteira o que sinto pensando em você neste domingo à noite.
Você tão longe e eu tão segura - a estréia da paz numa saudade - tão leve, tão verdade.

Rebeca dos Anjos

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