5.1.15

Eu arrumava cada canto da casa sem saber o quanto aquilo me atingia: tratava-se de um rito de passagem.

Eu olhava para todas as cortinas e retratos encaixotados; olhava para os cantos, para o chão sempre cheio de bolas coloridas, para o durex que ficou na parede branca com ares de fim de festa e chorava: tratava-se de uma nova fase.

Tratava-se da Mudança.

Ela, tão cheia de novas oportunidades, novos festejos e novos desafios.  Ela, desapego em caixas, num caminho de estradas sob diversas temperaturas.

Recordo: eu mal sabia o que me aconteceria quando fiz a mala pela primeira vez.  Eu nem sabia se aguentaria tantas idas e vindas e o medo de avião. Eu não sabia que gostaria tanto da casa branca que junta pó em todo verão. Eu não sabia que choraria nesta despedida, transbordando gratidão.

Eu só sabia pra onde o meu coração ia; e mesmo sem saber direito o que queria, eu fui abastecida de coragem.

Agora eu sei: toda despedida precede uma boa notícia. Eu vo(o)u.

(Rebeca dos Anjos)

Um comentário:

Fabiano Silmes disse...


Transformar o cotidiano em poesia é a maior viagem ( sem trocadilhos rs)...

Carpe Diem!

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...