6.4.15

O que eu quero da vida é olhar o poeta solitário da esquina da mesma forma como observo o Baudelaire pintado por Fantin-Latour.

E enquanto todos correm para ver a Monalisa, descobrir as crianças de Camille livremente; livres como suas expressões realistas.

E chamar de artesão o moço que faz os vasos tortos que serão referência desta geração - repare que todos os séculos têm vasos maltratados de ouro, porcelana ou de barro que falam dos homens que já morreram ou que jamais morrerão.

E olhar para o pó como se novo ouro fosse, só porque o pó vem do livro antigo da poetisa sofrida que chorou nas páginas da vida ao som de um fado bem cantado.

E, por quase fim, nunca encerrar um poema que fale sobre os detalhes, por jamais ser capaz de deixar de percebê-los...
Por jamais ser capaz demais - e isto ser o que me basta.

Rebeca dos Anjos

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