28.10.11

Goela a fora

Revivo os detalhes daqueles momentos em que, felina, arranhei e arranquei partes de mim.
Mastiguei cada parte  com dentes que estão depois da goela: sentimentos afiados localizados quase na boca da barriga, um pouco mais acima, onde todas as angústias e raivas e rancores estão.
Deixei o que restou de mim para os porcos que se viam lobos. Lobos malditos. Malditos, porém benditos por tal camada social.
Eu não sabia ser fruto do meio ou se eu estava no meio do fruto. E falava de futuro, tentava salvar o mundo alimentando-o com carne minha. Mas não é um felino comparável a um cordeiro: tamanho, jeito e pelos - melhor que vivam pra si.
Agora, sem garras, costuro as partes, delimito espaços, refaço os sonhos - e que ninguém ouse fazer mal a mim.

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