Devoro a vida
Do sangue venenoso extraio a afirmação da minha verdade.
Não é o escuro que alimenta o claro?
O sentir o gosto elástico dos
Nervos
Compasso das
Fibrilações
Exercícios para o
Maxilar
Que sustenta minha apetitosa boca
(que eu mesma mordo, quase arranco, quando na desesperança de bocas melhores, que lançam hálitos frescos)
Não é fresca a verdade?
Fresca e amarga a verdade primitiva
Fresco e amargo ser primitivo
Fresco e amargo é ser
(O primeiro de tudo
É livre
Do contágio
Portanto, é)
Não permito que o invasor
Devorador como sou
Coloque sobre a minha face
A máscara que mascara
Sua boca com dentes frágeis
Consumidor de garfo e faca e liquidificador:
Educação para maxilares que desconhecem o bom devorar
Aprenda:
Antropofagicamente
Meto a cara
Enfio os dentes na vida
Me lambuzo
Do duro
Do mole
Do líquido
Das partes
Para ter a cara limpa
Boca aberta e exposta
Primitiva
Desprotegida
Sem máscaras
Boca que alimenta os pés
Que andam sem rumo
Para o progresso,
Este indigerível
Entenda:
Depois de engolir a vida
Talvez vomite
Ao menos
Palavras ímpares,
Minha própria vida
Rebeca dos Anjos
2 comentários:
The best
=)
Obrigada, amor!
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